** Texto publicado em meu antigo Blog em 13 de abril de 2018.
“do que você tem medo?”, "você precisa encarar esse medo”,
"o seu medo te controla”, “não precisa ter medo”
Você já deve ter ouvido ou falado frases como essas acima... mas já parou para pensar sobre o medo?
Sentir medo é natural, é apenas nosso cérebro tentando nos proteger. Se você andar em um local escuro e desconhecido poderá sofrer algum tipo de ataque e sua saúde/vida poderá estar em perigo, mas ao sentir medo você será mais cuidadoso e estará mais atento nessa situação, pois seu cérebro iniciará a coordenação de um programa de ações complexas para uma situação de fuga ou de resistência. Além da adrenalina liberada, o medo ativa nosso sistema cardiovascular, alterando nossa respiração e aumentando nossa circulação sanguínea, com isso a oxigenação do cérebro aumenta e você será capaz de pensar com mais agilidade. Além disso, o medo pode alterar a quantidade de glicose que é liberada em sua corrente sanguínea, energizando diversos músculos e órgãos, suas pupilas se dilatam melhorando sua visão, sua audição fica mais aguda... por isso o medo é uma das emoções mais básicas que existem, ele é fundamental para a sobrevivência e pode salvar sua vida.
Mas ele passa a ser um problema quando perdemos o controle.
Para todas às experiências que vivemos atribuímos sentimentos as nossas memórias e com isso poderá surgir o medo que nada mais é do que uma interpretação que você fez da realidade entre outras tantas possíveis. Por exemplo, se você estiver viajando de avião e sentir-se mal (uma tontura por exemplo) e ficar nervoso com a situação, você poderá ficar com muito receio de passar por isso de novo, assim atribuirá a essa experiência de voar um sentimento ruim e com isso passará a ter medo de voar.
Por proteção, a nossa mente é capaz de antecipar ou aumentar as sensações do medo, desenvolvendo assim ansiedade perante situações que nos fazem reviver emocionalmente nossas experiências ruins e com isso tendemos a evitar experiências que foram ruins no passado.
O medo e a ansiedade podem disparar alarmes falsos e para descobrir se um alarme é falso é necessário verificar, tirar a prova. Voltando ao exemplo de voar, essa “tontura” pode não estar necessariamente ligada ao fato de você estar voando, pode ter sido apenas um mal estar que calhou de acontecer enquanto você voava, para descobrir isso é necessário voar mais vezes e tirar a prova, porém ao evitar as situações que nos fazem sentir ansiedade e medo podemos não ter a chance de fazer isso.
Tantos medos podem nos cercar: medo de mudança, medo de se arriscar, medo de falar público, medo do futuro, medo de encarar o dia, medo de se expor...
Esse exemplo da viagem de avião é algo muito simples, nem sempre nossos medos são tão claros assim, por isso apenas saber que é necessário enfrentar o medo pode não ser o suficiente para quebrar esse ciclo... e nesse caso uma ajuda profissional pode ser uma boa opção.
Psicóloga Aline Sartori
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